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  • Família: Myrtaceae

  • Gênero: Eucalyptus

  • Subgênero: Symphyomyrtus

  • Espécie: Eucalyptus tereticornis Smith

 

Área de origem e clima

O Eucalyptus tereticornis é a espécie do gênero que possui a maior ocorrência em amplitude latitudinal (entre 9ºS e 38ºS). Ocorre ao longo do leste da Austrália, do sul de Victoria até o norte de Queensland, ocorrendo naturalmente também em Papua Nova Guiné (Figura 1) (CABI Forest Compendium, 2008). Essa espécie prefere solos aluviais inundáveis em regiões com precipitação média anual em torno de 600 mm/ano caracterizando sua resistência ao estresse hídrico. Já em áreas com uma pluviosidade acima de 1200 mm/ano, cresce nas encostas de morros em solos com areia ou cascalho e argilas, e em áreas inundadas em florestas úmidas. A média de precipitação anual para o E. tereticornis na Austrália é de 650 a 3000 mm. O clima de ocorrência varia de ameno a quente, e de seco a úmido, com temperatura média máxima do mês entre 24ºC e 36ºC e média mínima entre 1ºC e 19ºC (Boland et al., 2006). Em alguns sítios no interior da Austrália, as geadas podem ocorrer em uma intensidade de 1 a 15 vezes por ano (Ferreira, 1979).

Descrição botânica

Segundo Brooker et al. (2004), o E. tereticornis (Figura 2) possui as seguintes características morfológicas:

  • Casca: desprende-se ao longo do tronco em grandes placas ou pedaços menores que deixam uma superfície lisa e granular, malhada de branco com diferentes colorações de cinza (escuro, claro e azulado) (Figura 3).

  • Folha em indivíduos juvenis, as folhas são pecioladas nos pares mais jovens. Já as folhas adultas são estreitas e lanceoladas com 20 cm x 2,7 cm, com coloração verde, reticulação moderada a densa e com ilhas de glândulas de óleo (Figura 4).

  • Inflorescência: axilar, não ramificada, de 7 a 11 flores; pedúnculos cilíndricos de 2,5 cm de comprimento. Brotos pediculados, alongados, de 2 cm x 0,5 cm, opérculo cônico ou ligeiramente rostrado; estames brancos, raramente rosas, florescendo no período entre abril e outubro (Figura 5).

  • Fruto: cápsula, hemisféricos ou ovoides com dimensões de 0,6 cm x 0,8 cm; disco amplo, ascendente, com 3-5 valvas exertas (salientes) contendo sementes pequenas marrons (Figura 6).

  • Madeira: o câmbio é amarelado e às vezes suscetível ao ataque de insetos xilófagos. O cerne é vermelho, com textura moderadamente fina e grã encadeada, duro, forte e durável (Figura 7). A densidade básica em áreas de ocorrência natural é cerca de 1200 kg/m³ e em plantio comercial varia de 600 a 700 kg/m³ (CABI Forest Compendium, 2008).

 

Usos potenciais

Segundo Ferreira (1979), a madeira do E. tereticornis é recomendada para serraria, estruturas, construção civil, mourões, postes e carvão.

Silvicultura

As mudas de E. tereticornis podem ser produzidas por sementes, direto na sementeira ou em tubetes com substrato. Além da produção de mudas seminais, têm-se as propagações vegetativas por estaquia, enxertia e micro propagação in vitro (Gonçalves, 2015). No campo, indivíduos de E. tereticornis possuem brotação vigorosa e tem alta resistência ao déficit hídrico, características que tem levado ao desenvolvimento de híbridos com outras espécies de maior produtividade (Lorenzi et. al., 2003). A rotação da espécie depende da finalidade da madeira. Se for para lenha, carvão e celulose, a rotação é de 7 a 9 anos. Para uso em serraria ou movelaria, pode ultrapassar 20 anos (Gonçalves, 2015).
Os dados de produtividade em alguns locais do Brasil podem ser consultados no projeto TUME (2016). No município de Piracicaba-SP (22°43’30”S; 47°38’51”O; 524 m de altitude), com uma temperatura média anual de 24°C e com precipitação de 1270 mm/ano, a produtividade de E. tereticornis foi de aproximadamente 15,7 m³/ha.ano aos 13 anos de idade, e após realização de 2 desbastes (Figura 8). Já em Chapadão do Sul-MS (18º47’39”S; 52º37’22”O; 905 m), com temperatura média anual de 23°C e precipitação de 1600 mm/ano, a produtividade foi de aproximadamente 12,5 m³/ha.ano, quando o plantio possuía 10 anos de idade e um desbaste realizado. Mais ao norte do país, no município de Inhambupe-BA (12°08’08”S; 38°25’09”O; 132 m), com temperatura média anual de 23°C e precipitação de 905 mm/ano, a espécie atingiu produtividade de 7,3 m³/ha.ano, aos 5,3 anos de idade.

 

Suscetibilidade a pragas e doenças

No viveiro, a espécie é suscetível a fungos causadores de tombamento de mudas (dumping-off), porém a doença pode ser evitada com diminuição da irrigação, diminuição da sombra, boa ventilação e cuidados com higiene no manejo das mudas (Rocha, et al., 2011).
Segundo Wilcken (2011), no campo a espécie é suscetível, principalmente, ao psilídeo de concha (Glycaspis brimblecombei), percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus) e vespa da galha (Leptocybe invasa). O psilídeo de concha é caracterizado pela formação de uma pequena concha sobre a folha, a qual é originada a partir da secreção açucarada produzida na fase de ninfa do inseto. A sucção da seiva ocasiona necroses que podem resultar em desfolhamento (Winckler et al., 2009). O percevejo bronzeado é um inseto pequeno, de corpo achatado com aproximadamente 3 mm de comprimento. Assim como o psilídeo de concha, possui hábito sugador, portanto ocasiona clorose na folha, podendo evoluir para dessecamento e desfolha (Wilcken et al., 2011). Já a vespa da galha, possui coloração marrom escuro brilhante e tem 1,2 mm de comprimento. É causadora de galhas nas nervuras centrais, pecíolo e ramos finos, resultando em desfolha, deformação das folhas e seca de ponteiro (Wilcken et al., 2011).
 

Figuras

Figura 1. Área de origem do E. tereticornis na Austrália e Papua Nova Guiné (fonte: Australia's Virtual Herbarium 2016).

 

Figura 3. Casca de E. tereticornis no TUME 16, em Piracicaba-SP.

Figura 5. Inflorescências de E. tereticornis (fonte: PlantNET 2016).

 

Figura 7. Face tangencial da madeira de E. tereticornis (fonte: Woodworking Talk, 2010).

Figura 2. Árvore adulta de E. tereticornis (fonte: TTIT, 2016).

 

Figura 4. Folhas adultas de E. tereticornis (fonte: Northern Beaches Herbarium, 2009).

 

Figura 6. Frutos de E. tereticornis (fonte: PlantNET, 2016).

 

Figura 8. Plantio de E. tereticornis consorciado com café no TUME 16, em Piracicaba-SP.

Referências

Australia's Virtual Herbarium 2016. Eucalyptus tereticornis. Acesso em: 08/10/2016. Disponível em: link. 

 

Boland, D.J.; Broker, G.M.; Chippendale, G.M.; Hall, N.; Hyland, B.P.M.; Johnson R. D.; Kleining, D. A.; Mcdonald M. W.; Turner, J. D. Forest trees of Australia. Fifth Edition. CSIRO Publishing, 736 p., 2006.

Brooker, M.I.H.; Kleinig D.A. Field Guide to Eucalyptus Northern Australia. Second Edition. Bloomings Books Publishing. 180 p., 2004.

CABI [Forest Compendium]. Eucalyptus tereticornis. 2008. Acesso em: 13/10/2015. Disponível em: link.

Ferreira, M. Escolha de Espécies de Eucalipto. Circular Técnica IPEF n° 47. Piracicaba-SP, Maio de 1979.

Gonçalves, J.L.M. Arquivo de aula de Viveiro Florestal. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba-SP, 2015.

Lorenzi, H.; Souza, H.M.; Torres, M.A.V.; Bacher, L.B. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa: Plantarum. 272p, 2003.

 

Northern Beaches Herbarium. Eucalyptus tereticornis - Forest Red Gum. 2009. Acesso em: 08/10/2016. Disponível em: link.

 

PlantNET. New South Wales Flora Online. Eucalyptus tereticornis Sm. Acesso em: 10/09/2016. Disponível em: link.

 

Rocha, J.H.T.; Prieto, M.R.; Borelli, K.; Backes, C.; Santos, A.J.M.. Técnicas de Produção de Mudas Clonais de Eucalipto. 1. ed. Goiânia: Kelps, 2011. v. 1. 47p. 

 

TUME. Teste de Uso Múltiplo do Eucalyptus. Acesso em: 05/11/2015. Disponível em: link.

 

TTIT. Turning Trees Into Toothpicks. Blue Gum (Eucalyptus tereticornis). Acesso em: 08/10/2016. Disponível em: link.

 

Wilcken, C.F.; Barbosa, L.R.; Sá, L.A.N.; Soliman, E.P.; Lima, A.C.V.; Pogetto, M.H.F.A.D.; Dias, T.C.R. Manejo de Pragas Exóticas em Florestas de Eucalipto. II Encontro Brasileiro de Silvicultura, IPEF, 2011.

 

Winckler, D.C.F.; Wilcken, C.F.; Oliveira, N.C.; Matos, C.A.O. Biologia do psilídeo-de-concha Glycaspis brimblecombei Moore (Hemiptera, Psyllidae) em Eucalyptus spp. Revista Brasileira de Entomologia 53 (1). 144-146p., 2009.

 

Wood Working. Forest Red Gum (Eucalyptus Tereticornis) from 'Down Under'. 2010. Acesso em: 08/10/2016. Disponível em: link.

 

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Escrito por: André Teixeira de Mendonça (Outubro/2016).

 

Eucalyptus tereticornis

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